por Abia

Preços do trigo, do café e do óleo de soja seguem em alta no Brasil

O preço do trigo, uma das principais commodities agrícolas utilizadas pela indústria de alimentos, teve alta de 2,3%, de março a abril de 2022, influenciados pela guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro. Considerando a variação anual (abril de 2021 a abril de 2022) no mercado interno, a tonelada do cereal subiu 18,5%, chegando a R$ 1.903 (a tonelada). É o que revela levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) que acompanha as variações mensais e anuais de algumas matérias-primas.

O trigo, assim como o milho, é um dos principais itens exportados por Rússia e Ucrânia para todo o mundo. “O conflito continua impactando fortemente os preços da commodity no mercado internacional, que atingiram patamar histórico recorde”, reforça João Dornellas, presidente executivo da Associação.

No mesmo período, o trigo importado apresentou alta de 1,8% no mês e 76,0% no ano (base US$). No mercado argentino, elevação de 9,9% no mês e de 61,2% em comparação a abril de 2021 (base FOB-US$ Rosario).

O dirigente da ABIA lembra que o mercado do trigo segue com muitas incertezas em razão da situação bélica na Europa, o que prejudica a oferta mundial, diante da uma demanda forte, e pressiona os estoques reduzidos. “Os preços internacionais permanecem com tendência de alta, elevando os do mercado interno e os dos demais países do Mercosul”, afirma.

Ele completa que a Argentina é o principal fornecedor do Brasil (87,5% do que se importa) e, por isso, num primeiro momento, não se trabalha com a hipótese de desabastecimento interno.

Milho com menos pressão

Do lado oposto, o preço do milho arrefeceu nesse último mês. A oferta do grão na nova safra de verão estimula a expectativa em relação à produção e tem contribuído para reduzir as pressões sobre os preços no mercado interno: registram-se quedas de 10,9% de março a abril de 2022 e de 8,6% em relação a abril do ano passado. Já nos Estados Unidos, os preços (US$-FOB) apresentaram altas de 3,8% em abril e de 29,8% em relação ao mesmo mês em 2021.

“Os preços internacionais seguem pressionados e com grande volatilidade, diante da permanência da guerra na Ucrânia, importante país produtor e exportador da commodity. Outro fator de pressão é o atraso na semeadura nos EUA”, pondera Dornellas, esclarecendo que a disponibilidade interna do grão pode ser afetada pela seca que atinge pontualmente o Centro-Oeste e pela chuva de granizo no Paraná. Os preços recordes do trigo, grão com balanço de oferta mais restrito, é fator adicional de pressão nos preços do milho.

Maior demanda por óleos vegetais

A firme demanda por óleos vegetais no mundo, inclusive de biodiesel, pela paridade com o petróleo, e as restrições na oferta, impulsionaram os preços do óleo de soja para um recorde histórico. No mercado interno, queda de 1,9% em abril (R$ 11.189 a tonelada) e alta de 37,3% em relação a abril de 2021. A redução no preço interno reflete a valorização do Real na primeira quinzena do mês. Os valores internacionais (USA) apresentaram estabilidade em abril em comparação a março (-0,5%) e alta de 39,1% em relação a abril do ano passado.

“Os preços tendem a permanecer elevados nos mercados interno e externo devido ao aumento da demanda mundial por óleo de soja, diante das restrições de oferta. Maior exportadora mundial, a Argentina está com restrição de produção e a Indonésia restringiu a exportação de óleo de palma, o que aumenta a demanda por óleo de soja, pressionando a oferta de óleos vegetais no curto prazo”.

A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo e, devido à contenda com o país vizinho, o produto valorizou, puxando para cima o preço do biodiesel, que tem o óleo de soja como um dos principais componentes.

Café robusta tem variação anual de 80%

Nos próximos meses, os preços do café robusta seguirão pressionados no mercado interno – o produto teve alta de 6,1% em abril (R$ 13.561 a tonelada), por conta da maior demanda pela indústria brasileira. Em relação ao mês de abril de 2021, os preços ficaram 80,7% mais elevados.

“No curto prazo, os preços permanecerão em patamares altíssimos, pois a disponibilidade de cafés no mercado interno continua restrita até a entrada da nova safra, a partir de maio”, alerta o presidente executivo da ABIA.

No mercado internacional (US$ NY–USA), estabilidade (0,1%) em abril e alta de 39,7% no ano.

A guerra tem repercutido no mercado de commodities em geral, com impacto nos preços e maior volatidade no mercado financeiro. “A indústria de alimentos, por sua vez, é afetada pelos custos de suas matérias-primas, por isso a importância em monitorar atentamente as variações do mercado e a disponibilidade de abastecimento destes produtos”, finaliza Dornellas.

Abaixo, os gráficos com a evolução dos preços de algumas das principais commodities agrícolas. Para ver o material completo, acesse http://lnnk.in/eOdL

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