por Abia

O papel da tecnologia e a importância da sustentabilidade no setor de Food Service

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), em apenas 10 anos – entre 2009 e 2019 –, o setor cresceu 184,2%. No segmento de franquias, os números também impressionam. De acordo com uma pesquisa da ABF (Associação Brasileira de Franchising), o faturamento do segmento de alimentação chegou a RS 8,7 bilhões no 2º trimestre de 2022, 22,3% a mais do que no mesmo período de 2021. Já o número de unidades no segmento cresceu 9,8%. No semestre, a variação foi de 16%, chegando a RS 15,9 bilhões.

Para movimentar ainda mais esse setor tão importante para a economia global, tendências e inovações surgem a todo momento, e eventos especializados tornam-se obrigatórios para quem atua ou deseja atuar na área de maneira sustentável e promissora. Um desses eventos é a Fispal Tecnologia que, em 2024, completou 40 anos de história, emergindo como a principal plataforma de conexão na indústria de alimentos e bebidas da América do Sul. A edição deste ano celebrou uma jornada rica de aprendizados e evolução constante, trazendo como um dos  temas centrais a sustentabilidade, tópico que vem sendo recorrente nas feiras do setor.

Do ponto de vista da indústria, destacaram-se inovações no transporte de alimentos, com o uso de matérias-primas resistentes, sustentáveis e que ocupam menos espaço, como baldes quadrados que aproveitam até 150% do espaço útil no transporte. Para as indústrias produtoras de molhos de tomate, uma novidade foi o pote termoformado multicamadas, que oferece shelf life de até 30 meses para atomatados, graças a uma barreira feita de EVOH (copolímero de etileno e álcool vinílico), um composto químico aplicado em embalagens de alta resistência à entrada de oxigênio e maior permeabilidade a óleos e gorduras. Além disso, a feira trouxe um novo copo termoformado para requeijão, que reduz o peso em até 50% em comparação com copos plásticos tradicionais.

Essas inovações são importantes porque garantem uma atuação mais responsável e atrelada às práticas ESG. Transportar maior quantidade de alimentos de uma só vez é determinante para reduzir o lançamento de gases do efeito estufa na atmosfera. Além da economia na logística dos produtos, as indústrias do Food Service podem utilizar essas novas tecnologias em embalagens para reduzir a emissão de carbono e ainda garantir que os produtos usados no cardápio estejam seguros para o consumo, dentro da validade, evitando o desperdício de alimentos.

Falando sobre tecnologia, uma tendência discutida no evento foi a dark kitchen, formato de negócio que está ganhando força no mercado. Elas funcionam como restaurantes virtuais que operam exclusivamente no mundo digital, oferecendo flexibilidade ao dono do negócio. Para operar uma dark kitchen, basta ter os equipamentos de preparo dos alimentos em uma cozinha – que pode, inclusive, ser dividida com outros restaurantes – e um serviço de delivery bem estruturado. O grande benefício está no fato de que as dark kitchens demandam um investimento significativamente menor do que um negócio tradicional. Apesar disso, assim como um restaurante ou bar com atendimento presencial, é essencial ter um sistema de gestão integrado, eficiente e automatizado.

Nesse sentido, a Fispal apresentou novos softwares de gestão para bares e restaurantes, destacando o Linx Taste One, lançado pela Linx, empresa do grupo StoneCo e especialista em tecnologia para o varejo. A solução permite uma gestão completa e eficiente, compatível com sistemas operacionais Windows e Android, acessível em computadores, smartphones, tablets ou máquinas de cartão. O sistema registra pedidos via mesa, balcão ou delivery, recebe pagamentos, organiza comandas na cozinha, gerencia recebíveis, emite cupons fiscais e permite comunicação com clientes por meio de uma ferramenta de CRM/relacionamento. O Linx Taste One inclui módulos de delivery, maquineta Smart POS e autoatendimento integrados com um display de cozinha que envia os pedidos para preparo em tempo real.

Simultaneamente à Fispal, ocorreu a Tecnocarne, principal evento do setor de proteína animal, que trouxe novidades em delivery, inovação tecnológica e, principalmente, sustentabilidade e redução de desperdício. O evento destacou as soluções para controle detalhado de estoque e armazenamento correto de alimentos, além de práticas para o descarte adequado de resíduos que reduzem o impacto ambiental.

Ainda em junho, foram realizados o Bio Brazil Fair e o Naturaltech, maiores eventos do setor de produtos orgânicos e naturais da América Latina, que apresentaram tendências importantes focadas em alimentação saudável, práticas sustentáveis e veganismo. A produção de alimentos saudáveis e ambientalmente amigáveis surge como uma oportunidade para restaurantes que desejam se especializar em alimentos funcionais, tanto para consumo local quanto para delivery, ou para quem já possui um negócio e busca oferecer um cardápio ainda mais completo, que atenda a todos os públicos, desde o infantil, passando pelos grupos com restrição alimentar e chegando aos adeptos ao veganismo, um público que não para de crescer.

Isso porque, de acordo com a pesquisa realizada pelo IBOPE de 2022, 14% dos brasileiros se declaram vegetarianos ou veganos. Além disso, o estudo mostrou que 55% dos brasileiros consumiram produtos veganos se tivessem ciência da procedência. Outro dado interessante é que essa população cresceu 75% em uma década – comparando dados da pesquisa 2012 com a de 2022.

Além de apresentar práticas sustentáveis de consumo de alimentos, os eventos trouxeram como centro da discussão a importância de se investir em práticas sustentáveis de produção de alimentos, já que a alimentação é uma das atividades humanas que mais impactam o planeta. Segundo a Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), 74% das emissões de CO₂ no Brasil são provenientes dos sistemas alimentares.

A partir das tendências discutidas nas feiras mais importantes do setor, é possível notar que, embora o crescimento do Food Service seja latente, é fundamental se adaptar ao comportamento do consumidor atual, que busca mais comodidade, com serviços de delivery, alimentação mais equilibrada e adequada à suas necessidades, sem contar a produção de alimentos, que precisa investir em técnicas e processos que reduzam os impactos ao meio ambiente.  A partir dos insights compartilhados, é possível notar que a sustentabilidade e a inovação tecnológica são os pilares que definirão o futuro do setor, e aqueles que investirem em soluções sustentáveis e eficientes estarão à frente da concorrência e conseguirão se sobreviver em um mercado cada vez mais promissor, porém acirrado.

Por Samuel Costa Carvalho

Foto: Getty Images - RFS

 

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